terça-feira, 15 de agosto de 2017

Minha manhã

Acordar cedo não é uma tarefa fácil, ainda mais pra quem costuma gostar da noite, como eu... mas, todos os dias, acordar cedo virou algo que não tem nada a ver com tarefa, muito pelo contrário. Nos poucos quilômetros que separam nossa casa e a escola da Lise, minha filha, todos os dias -religiosamente - a música ecoa pelo carro e a cantoria vai de carona. Nos minutos que duram o trajeto, escuto sua voz doce, a mesma voz que canta, me faz perguntas sobre as coisas, me conta casos e tantas vezes me faz rir. São ritmos e melodias, ideias e pontos de vista - é a vida em sua melhor forma, o tom mais afinado que eu poderia ter em minhas manhãs... Como todo bom cachorro, a Luna também escuta tudo bem atenta, enquanto fareja o vento que entra pela fresta das janelas do banco de trás.

Mas o mundo não é perfeito... Chegar ao destino, ou melhor, à escola, é quase um martírio. Não é fácil dizer "Até a hora do almoço!", enquanto ela sai do carro, com a mochila nas costas. Ela vai e o coração até aperta. A música de repente começa a falhar, pois o sinal do celular, que fazia a música tocar no rádio, fica mais fraco à medida que ela vai entrando na escola. Luna, a companheira, acompanha tudo de perto.

Num ímpeto de tristeza, o som da música acaba. O rádio FM volta, sintonizado em um programa de notícias. Ouço que estão querendo criar fundos partidários e soube que a economia está com sinais fraquíssimos de recuperação.

Subitamente, Luna e eu voltamos à realidade, como num sonho que acaba na melhor parte. O momento doce da manhã torna-se amargo e tomamos o rumo de casa, já esperando e contando os minutos para a hora do almoço, quando teremos um "repeteco" (mas com menos brilho por causa da fome, do trânsito, enfim...).

Bom é saber que amanhã teremos uma nova manhã - ainda bem. Como dizem, "amanhã tem mais". Até lá!