sexta-feira, 20 de outubro de 2023

A guerra que não é minha

Na parede,
o pôster do Tio Sam
me chama
para a guerra.

Juro que a guerra não é minha,
nem lado ou exército eu tenho.
 
A única coisa que tenho
são alguns amigos,
familiares,
cão e gato.
 
Não quero ser mais um
nessa mentira que não
fui eu que contei.
 
Também não vou ser 
[mais uma] marionete
na mão dos poderosos.
 
Se me chamarem para a guerra,
pegarei minhas coisas e meus bichos
e vou me entocar em algum bunker.
 
Mas lembrei que não tenho um bunker,
então vou fugir para algum sonho,
onde se contam carneirinhos.

E se houver pesadelo
será só aquele de falar em público pelado.
 
Então, nem me chame para a briga
pois meu espírito é musical,
meu embate é passional,
com direito a pausa e trégua.
 
Não faço parte disso,
das atrocidades e desumanidades.
 
Todos devem ter
um canto tranquilo,
para brincar com cães e todos os bichos.

Onde se possa beijar e abraçar quem ama,
e onde a música ecoe por todo o lugar,
na simplicidade de quem é, simplesmente, feliz.
 
 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Rodapé

 A sombra que esconde as mágoas

Nem sempre está atenta

Ao grito da minh'alma que, de saudade,

Faz do breu a morada

Dos sentimentos mais recônditos.


Na pressa do tempo

Escapou-me a chance que tinha

De te pegar pelos braços

E, de algum modo, te fazer feliz.


No canto da sala

Havia um verso meu que,

de tão velho, se escondeu, 

envergonhado, no rodapé.


O lamento maior

foi que ninguém leu,

e o desabafo de meu coração,

que continua vivo, se perdeu.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Sonhos em pareidolia


Na minha mais robusta solidão

Abraço a música e exponho a cicatriz

Sem que lábios esboçassem sussurros

Pois a dor que invade está guardada.


Um sonho sonhado de olhos abertos, 

mas que sonho é esse, 

em que olhos abertos não veem o mar?


No remanso das ondas da saudade

Uma gaivota pousou na areia

Depois virou desenho de pareidolia.


Minha lembrança tocou a sombra 

Formada por seus cabelos

Que um dia cobriram meu rosto ao vento.


No profundo abismo d'alma

Nas partes mais abissais, enfim

Mora alguém que lembra do sorriso puro, 

de quando ainda era criança.


A lágrima que percorreu o rosto

Tentei disfarçar e não deu

Escorreu e parou na boca

À espera de um beijo teu.


sexta-feira, 23 de junho de 2023

Quartz "O Jogo de Cartas": em busca de pedras preciosas (nem que sejam dos amiguinhos)

Nem só de jogo pesado e eurogame vive o nerd, então vale muito a pena jogar um Quartz card game. Nunca tinha jogado, nem a versão normal (board), e posso dizer que achei bem divertido. 


Se você curte um game bem leve, cheio de provocação e dedo no zóio, esse é para você. O objetivo é explorar uma mina e arrecadar o maior número possível de pedras preciosas, de quartz. Mas não é assim tão simples. Há pedras "instáveis" que, se estourarem, você perde tudo o que conseguiu.

As cartas das pedras são de várias cores, 
umas mais raras que as outras. 

Então é assim: você vai virar cartas de um monte fechado, virando-as para cima, coletando as pedras representadas ali. Mas nos cantos de algumas das cartas há um desenho de "pedra instável" (verdinho). Se, por exemplo, você virou uma carta que tem pedra instável no canto superior direito e, mais frente, naquela rodada, virar outra carta que tenha uma pedra dessa (ou seja, que também tem o desenho de pedra instável no canto superior direito), você perde TUDO o que tinha conquistado (naquela rodada)! Então, o segredo é saber parar na hora certa, sem se arriscar. Quanto mais você minera, mas perigoso vai ficando, então, é um jogo de análise de probabilidade, com bastante sorte também.

E não é só isso: os amiguinhos tentarão te prejudicar o todo tempo, seja roubando suas pedras conquistadas, ou provocando a explosão de suas pedras instáveis, etc. 

Mas há defesas também... tanto as cartas de ataque quanto as de defesa você consegue pegar toda vez que minera uma carta com desenho de "anão" (barbudinho). Para isso, você descarta e pega uma carta do deck especial, que é esse deck que falei que tem cartas que podem ser de ataque ou defesa. 

E vale dizer que as pedras que vc juntou na mesma cor podem ser "guardadas" no baú, evitando que sejam roubadas. Para isso, vc deve gastar sua ação da vez, ou baixar uma carta especial ao final de seu turno.

Outra coisa que vale destacar é que o jogo parece muito com o "Risco Total", aquele game polêmico que a Grow lançou copiando o Incan Gold, manja? Nele você entra no mar como mergulhador e coleta tesouros, mas sempre atento para sair da água na hora certa, antes de acabar o oxigênio ou ser atacado por um tubarão! Quartz tem essa pegada, que acho bem instigante - pois vc sempre fica na tentação de arriscar mais ou pouquinho em busca de mais dinheiro (ganância total hehehe).

Jogo leve, rápido, para jogar com quem curte zoação. Gostei!



"Flamme Rouge" na mesa. Por que é um jogo de corrida tão legal?

Ontem (22/06/23) foi dia de conhecer Flamme Rouge, um jogo que simula corridas de ciclismo. Não conhecia nada dele, mas, como sempre tinha ouvido falar bem, pedi ao Thiagão, dono do jogo, para apresentá-lo. Jogamos em três pessoas.

Sabe aquele boardgame que parece meio simprão, mas que depois “se transforma”? Pois é, este é o caso.

São várias pistas que podem ser montadas (os trechos de pista vêm em tiles, que são juntados conforme manda o desenho de cada uma), mas a dinâmica é praticamente a mesma em todas, só mudando o traçado e outros detalhes menores.

A pista onde acontece a corrida tem algumas faixas por onde as bicicletas disputarão as posições. Cada jogador tem dois ciclistas (que compõem sua equipe) e as bikes se movimentam de acordo com o valor das cartas baixadas (bem simples: carta de valor “5” faz a bike andar cinco casas, e assim por diante). Há, porém, subidas no percurso (representadas por faixas vermelhas) e descidas (faixas azuis), que dão um twist bacana, pois, por exemplo, em uma subida, o máximo que você pode se movimentar é cinco casas, mesmo que baixe uma carta de valor “7”, por exemplo. Já na descida, é o contrário: você pode ir na "banguela".

Ok, até aqui tá legalzinho, mas sem nada de especial, não é? Então, onde está o “tchan” da coisa? Chegamos no momento de falar do cansaço dos ciclistas, que faz toda a diferença! Cada jogador deve ficar esperto para não querer encarnar o Ayrton Senna logo de cara, pois é preciso saber dosar a hora de andar mais forte e a hora de ser mais maneiro com seus ciclistas.

Flamme Rouge na mesa! Os meus ciclistas foram os azuis!
Um deles foi muito bem e acabou vencendo!

Os pelotões andam muito próximos, e o vácuo tem efeito importante no jogo. E detalhe: o ciclista à frente do pelotão sempre sofre um desgaste, representado por uma carta de “castigo” que suja seu deck de cartas de movimento. Eis a sacada! O cara muito apressadinho, que quer liderar sempre os pelotões, irremediavelmente vai tomar carta de cansaço que vai prejudicar seu rendimento durante a corrida! 

Essas cartas de fundo vermelho, de valor 2, são o terror em Flamme Rouge; são recebidas quando um ciclista lidera um pelotão, representando seu "cansaço". Ou seja, suja seu deck!

Então, o ideal mesmo é andar junto com o pelotão, sem querer "se aparecer demais", de preferência pegando os vácuos dos caras da frente, e dar o sprint no momento certo, em trechos mais propícios da pista.

Achou legal? Cara, eu me surpreendi. E dizem que a expansão, chamada "Peloton", traz coisas bem interessantes. Estou curioso e quero jogar!

quinta-feira, 22 de junho de 2023

O ser humano continua se afundando...

Ok, sei que é um texto pessimista, mas achei que devia fazê-lo. Pois sempre achei que poucas coisas poderiam ser mais infelizes do que a decisão de se amarrar a vários balões e sair voando, como fez o padre do balão. Porém, essa do submarino venceu. Os caras gastam uma fortuna para descer quilômetros mar adentro, “enlatados” dentro de um troço que mais parece um banana boat guiado por controle de videogame, para ver o Titanic em um monitor, já que o submarino não tem “janelinha”.

Soma-se a isso o fato de terem topado entrar em um mar extremamente gelado e profundo que guarda milhares de coisas desconhecidas até mesmo para os mais avançados cientistas. 

Se a morte de centenas de pessoas náufragas do Titanic não fosse suficiente para provar a capacidade hercúlea do ser humano de fazer besteira, esse episódio do sumiço do submarino parece mesmo que veio como um reforço, um lembrete... para relembrar o quanto o ser humano pode ser estúpido e infeliz, mesmo com muito dinheiro no bolso.