sábado, 3 de janeiro de 2009

Visão sobre o corporativismo

Hoje não é difícil encontrar grupos fechados, sejam eles nos negócios, nas famílias, em pequenas e grandes cidades. A crise extrapolou em muito a área das finanças e caiu como uma bomba no campo da ética e da moral. A palavra de um homem talvez nunca tenha valido tão pouco e, nesse contexto, o "corporativismo" parece ser algo cada vez mais comum entre homens que se dizem de bem, um modo de trancar a porta para o resto do mundo e cultivar bons frutos somente dentro da própria casa.

Pessoas ligadas à igreja costumam alegar que a Bíblia condena aquilo que eu chamo de "fechamento de grupos sociais que defendem somente as próprias causas". Nesses grupos, uma pessoa só ajuda a outra se ela estiver integrada, "em união com a família". E essa camuflada "ajuda mútua" significa, na realidade, "ajudar somente aquele que está com nós". Ou ele está com nós e tem tudo, ou está sem nós e não tem nada.

É perfeitamente compreensível o homem sempre ter tido essa necessidade de se apoiar no outro. Não é por menos: o mundo é repleto de mistérios e, cada vez mais, nos vemos longe de entender a existência humana. Um ombro amigo e uma mão estendida ajudam nos momentos de incompreensão.

Para os que têm fé, o manto da religião encobre os pensamentos mais assustadores e serve como refúgio em momentos difíceis. Para os que não são apegados à fé ou ao misticismo, é completamente compreensível atitudes corporativistas que, no fundo, têm apenas um grande objetivo: aliviar o sofrimento da total incompreensão humana por meio da ajuda mútua. O aqui e o agora, na Terra, é, nesse caso, mais importante do que o pensamento em outra vida, no plano espiritual.

Independente da posição social de cada um, estilo de vida, crença, etc., é difícil ver com bons olhos toda e qualquer forma de "panela", se podemos chamar assim. É, no mínimo, desumano priorizar uns e deixar para escanteio outros. Se o maior de todos os homens foi socialista e defensor da igualdade, por que nós queremos favorecer somente este ou aquele outro, deixando os demais às traças?

É "chover no molhado" ficar aqui condenando essa nossa tendência corporativista, numa sociedade em que ela vem se mostrando cada vez mais forte. Afinal, o poder está nas mãos desses "grupos fechados"! E, pelo andar da carruagem, esse é o norte que guiará as próximas gerações.
Que este texto seja, ao menos, um pontinho de reflexão na consciência dos que favorecem uns em detrimento de outros.

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